Artistas

TADEU JUNGLE

Sobre

Tadeu Jungle nasceu em 25 de março de 1956, São Paulo/SP. Artista multimídia, atua em diversas linguagens, como a fotografia; vídeo; poesia; além de ser roteirista e diretor de cinema e TV.

Se formou no ano de 1980 pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Fez pós-graduação na San Francisco State University na Califórnia-EUA em 1981/82.

Na década de 80, foi um dos pioneiros no movimento da vídeoarte no Brasil e do grafite poético. Foi um dos fundadores do TVDO com Walter Silveira, Ney Marcondes, Paulo Priolli, grupo que revolucionou as convenções formais do vídeo. Realizou vídeos que se tornaram clássicos e que ganharam prêmios em diversos festivais. É diretor de filmes e documentários, além de programas para a TV.

Exposições Individuais (Solo Exhibitions)
2000 – Retrospectiva de seus vídeos no Museu da Imagem e do Som, São Paulo
2002 – “Estradas, camas, reflexões”, exposição na Galeria Valu Ória, São Paulo
2003 – Onde estão os heróis, megaperformance em homenagem ao poeta Waly Salomão, no
Festival Videobrasil, Sesc Pompéia, São Paulo
2008 – “Parque das aparências”, exposição na Galeria Valu Ória, São Paulo
2012 – Retrospectiva de seus filmes e vídeos na Cinemateca Brasileira, São Paulo
– Diretor de dois vídeos para o Museu do Amanhã, Rio de Janeiro
2013 – Videofotopoesia, exposição individual, Instituto Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro

Exposições Coletivas (Group Exhibitions)
1986 – The helicóptero, videoinstalação na exposição da Galeria São Paulo, com Walter Silveira
1987 – O edifício, videoinstalação na exposição “Trama do gosto”, Bienal de São Paulo. Com Walter
Silveira, Roberto Sandoval e Geraldo Anhaia Mello
1989 – River de Janeiro, videoinstalação com Walter Silveira, na Galeria Laura Alvim
1990 – OSVIDEO, grande instalação baseada em vídeo, pinturas e esculturas, sobre Oswald de
Andrade, na Galeria São Paulo
– Sleeping television, videoinstalação no Festival Mundial do Minuto
1997 – Tecnobomber, performance na Casa das Rosas, São Paulo
2000 – Pessoas do Brasil, videoinstalação para a Expo 2000, em Hannover. Com Carlos Rennó
2003 – Versus, videoinstalação, Museu da Imagem e Som, São Paulo
– São Paulo rock and roll e São Paulo hip hop, videoarte sobre a visão das metrópoles.
– Exposições coletiva: “2080” no MAM-SP e “A subversão dos meios – made in Brasil: três décadas de
vídeo no Brasil, no Itaú Cultural
2006 – Diretor do documentário de exibição perene no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.
Com Marcelo Presotto
2007 – Diretor do documentário Amazônia Niemeyer – Uma viagem pela Belém-Brasília
– Vídeo links brazil, exposição coletiva, apresentou o vídeo Heróis 2, na Tate Gallery, Londres
2010 – Signs of life in mars, vídeo para o projeto Rumo a Marte em 2016, Nasa. Com Carlos Rennó
2011 – Lança o longa-metragem de ficção “Amanhã nunca mais”, com Lázaro Ramos como protagonista. Fox Filmes
– Exibição de Amores Expressos, 16 documentários que dirigiu. TV Cultura
– Flecha, performance, Instituto Oi Futuro Ipanema e na Escola São Paulo
– Você está aqui, performance aérea de um poema, Transperformance, Instituto Oi Futuro
– “Mitologias por procuração”, exposição coletiva, MAM-SP
– “Circuitos cruzados, o MAM encontra o Centre Pompidou”, exposição coletiva, apresentou o vídeo São Paulo Hip Hop, MAM-SP
– Videoarte 2013, exposição coletiva, Instituto Oi Futuro Ipanema
2014 – “Brasil, um país, um mundo”, exposição coletiva itinerante no Brasil
2015 – “Território Sagrado”, exposição coletiva, Galeria Diretriz Arte Contemporânea, Curitiba

Prêmios
1983 – Teve seu vídeo Frau, com Isa Castro e Walter Silveira premiado no Videobrasil e no Fest Rio
84/85
1984 – Ivald Granato in performance, com Walter Silveira, foi premiado no Videobrasil e exibido no
The Kitchen, Nova York
1985 – Non plus ultra, vídeo premiado no Videobrasil e no Fest Rio
1986 – Ryth Moz, vídeo premiado no Videobrasil e no Festival de Santo André
1987 – Heróis da decadênsia (sic), vídeo premiado no Videobrasil e selecionado para o Festival de
Havana
2002 – Sempre tem mais, videoarte selecionada para a mostra First Latin American Carabbean Video Art Exhibit

Textos Críticos

Tudo ao mesmo tempo por Katia Canton

Tudo pode. A frase slogan criada pelo artista multimídia Tadeu Jungle parece resumir a maneira como ele encara a carreira – ou, talvez, a vida, desde os tempos que estudava rádio e tv na Universidad de São Paulo. “A faculdade foi uma escola para fuçar. Criava livros de poesia visual, imprimia textos na gráfica, na surdina. Aprendi a fazer gravura, serigrafia, vídeo. Tudo me interessava”. Ele se autodefine como um pescador das cenas do mundo. Um coletor de cacos. Aquele que vê beleza no ordinário, no cotidiano.

Todos os seus projetos estão organizados em seu apartamento nos Jardins, São Paulo, num espaço que conjuga sala, escritório, ateliê. Entre eles, a nova série fotográfica Povos da Praia, que registra pessoas as mais variadas, nas mais variadas praias brasileiras. “Aproveito a simultaneidade de atividades para criar”, diz. Como exemplo, cita o dia em que, fazendo um filme publicitário no Rio, viu um homem engravatado, “que parecia triste, cansado”. Abordou o executivo, que concordou em posar; na sequência, escolheu outros, em outras cenas, o que originou uma nova série Triste Capitalista, ainda em andamento.

Um de seus projetos mais conhecidos, a Foto de Segunda, nasceu também do acaso. Há dois anos, o artista passou a mandar fotos para uns 50 amigos, toda segunda-feira, como forma de mostrar o seu trabalho e esperar comentários. Hoje há 400 pessoas recebendo essas imagens com legendas todas as semanas.

Tadeu Jungle também é adepto das parcerias. No início dos anos 80, participou do movimento do grafite ao lado de colegas como Walter Silveira e Fernando Meirelles, marcando nas paredes e muros de São Paulo slogans com a palavra-frase ORA H (assim mesmo, deslocando o H). Pouco depois, veio a ideia da produtora de TV Tudo, que Jungle lançou ao lado de Ney Marcondes e colegas.

As referências artísticas de Tadeu Jungle são justamente os que criam na porosidade, no caos. “Minha porta de entrada na arte foram os poetas concretos e Oswald de Andrade. Aquele Oswald bem-humorado, dos poemas curtos. Mas depois conheci Zé Celso e sua montagem de O Rei da Vela. Conheci então o teatro total, o outro Oswald. Conheci Chacrinha e Glauber Rocha”.

O artista-publicitário-videomaker tem um modo de vida extremamente organizado. O que aparentemente se contradiz com a influência do caos e da pulsão do vale-tudo, na verdade, define a possibilidade de continuar experimentando. “Ligo a TV ou o DVD, escrevo no computador, leio um livro, costumo deixar tudo ligado em casa e faço pausas entre uma coisa e outra. Armazeno os projetos e penso em outros aqui, mas meu ateliê de verdade é a rua”.

Katia Canton
Vice Diretora, curadora e professora do Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo. Possui graduação em Comunicação Social/, pela
ECA-USP. Diplôme d´études de literature et civilization française pela
Université de Nancy II (1986), mestrado em Performance Studies, pela Tisch
School of the Arts, New York University (1989) e doutorado em Artes
Interdisciplinares pela Faculdade de Artes Visuais e Educação, da New York
University (1993). É docente da Universidade de São Paulo.

A obra de Tadeu Jungle por Mariana Kreusch

O artista Tadeu Jungle apresenta em suas obras aquilo que é uma das maiores características da arte contemporânea: a aproximação da arte com a vida. Se apropriando das coisas que são comuns no nosso cotidiano cada vez mais imagético; televisivo; urbano, o artista traz em seu trabalho esses elementos cheios de significados, poesia, reflexões e críticas.

“Tudo o que estava disponível deveria ser usado para formar um conjunto significativo de novos sentidos” (Arberto Saraiva, 2014). Assim, surge o artista múltiplo Tadeu Jungle. Multiplicidade essa que é essencial em seu trabalho artístico e que rompeu com os parâmetros da arte já dados até em então. “Tadeu Jungle é um potencializador de imagens” disse Katia Canton em 2005, quando falava sobre o projeto Foto de Segunda do artista, onde ele, desde 2003, compartilha por e-mail fotografias do seu dia a dia por vezes até banais, mas que são transformadas em poesia pelo olhar sensível de Jungle e de seus títulos concedidos a elas.

São Paulo Hip Hop de 2003/04/05, presente na Galeria Diretriz Arte Contemporânea, trata-se de um vídeoarte do artista. Um minuto sem som de um vídeo que o artista captou de cima para baixo em um viaduto da cidade de São Paulo e que é transformado em diversos pequenos vídeos na tela, onde são reproduzidos repetidamente e em tempos diferentes, formando uma composição inspirada em Broadway Boogie Woogie de Mondrian.

De longe, temos a impressão de um formigueiro e ao chegar perto, vamos nos dando conta que se trata de um entrelaçado de ruas e carros coloridos em um movimento constante. Aqui, o artista consegue nos trazer a reflexão do que é ser um indivíduo dentro do coletivo de uma cidade, nos colocando como telespectadores gigantes desse caos. “É o único vídeo meu que eu gostaria de ter tocando na parede de casa o tempo todo. Há um misto de muito e nada ao mesmo tempo” disse o artista sobre esse trabalho, em seu livro Tadeu Jungle – videofotopoesia de 2014.

Mariana Kreusch
Graduada em Artes Visuais
Galeria Diretriz Arte Contemporânea